Psicanálise e família: percalços do édipo e seus destinos trágicos

Psicanálise e família: percalços do édipo e seus destinos trágicos

Coautora: Bruna Montechiari Guimarães Vohs
Psicóloga clínica. Especialista em Psicologia Clínica Institucional – Modalidade Residência Hospitalar (IP-UERJ). Endereço eletrônico: brunamcguimaraes@gmail.com

Resumo: Aborda-se a psicodinâmica familiar constituída de diversos sujeitos do Inconsciente, da e na intersubjetividade. Focaliza-se a família com funcionamento prevalentemente narcísico, intolerante ao luto originário e carente de interdição, o que se evidencia no figurante predestinado. Preso a veleidades infantis, enreda-se em relação perversa narcísica pautada pelo ant’édipo mal temperado, na qual cada genitor tem parte ativa. Fragmentos clínicos ilustram tal sofrimento psíquico compartilhado

Palavras-chave: família, narcisismo, perversão narcísica, complexo de Édipo, ant’édipo, incestual.

Introdução

A terapia de família a partir da escuta psicanalítica vem sendo praticada na Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto desde 1972, a partir da fundação do Setor de Terapia de Família pelo Psicólogo Antônio Celso, que encabeçou-o até 1976, quando sua coordenação foi assumida pela psicóloga Drª. Malvine Zalcberg até 1990. A partir dessa data, ficou sob a responsabilidade da psicóloga Drª. Maria do Carmo Cintra de Almeida Prado até 2017. O setor dedica-se basicamente a assistir famílias de pacientes psiquiátricos, mas também de outros setores do hospital e, mais recentemente, aquelas encaminhadas pelo Judiciário, comumente envolvendo situações de abuso e/ou violência doméstica.

O interesse no estudo da família partiu de Palo Alto, quando Bateson e sua equipe se dedicaram nos anos 1950 a pesquisas envolvendo comunicação e relacionamento em famílias de esquizofrêncicos. A princípio se considerava que as dificuldades nessas famílias derivavam da presença do paciente esquizofrênico, depois passou-se a constatar a disfuncionalidade parental, como mãe intrusiva, pai ausente, até se chegar a um terceiro momento em que se compreendeu estarem todos envolvidos em uma rede patogênica de relacionamento.

Muitos psicanalistas se ocuparam com questões familiares sem serem terapeutas de família (Mannoni, Dolto, Winnicott, Searls, Bowlby, Bleger, entre outros), mas grande contribuição se dará à compreensão de processos familiares inconscientes a partir daqueles referidos como grupalistas, justamente por seu interesse específico em psicose, família, grupos e instituições (entre eles, Racamier, Anzieu, Decherf, Caillot, Kaës, Ruffiot, Tisseron, Almeida-Prado, etc.). Bion se apresenta como um pioneiro no que diz respeito à compreensão dos processos grupais a partir da perspectiva psicanalítica e suas contribuições continuam a ser referidas e retomadas nesse campo.

Além da compreensão de processos próprios presentes na psicodinâmica inconsciente do grupo familiar, estudos revelaram mecanismos relativos à transmissão psíquica entre as gerações.
Conforme Freud já assinalava em 1913, seria impossível não transmitir porque, em caso contrário, teria que se começar sempre do zero. A transmissão se dá tanto de elementos elaborados, referida 164 como intergeracional, quanto daqueles in bruto, que correspondem à transmissão transgeracional, relativos ao que não foi superado, como traumas precoces promotores de transtornos identitários graves, luto, vergonha, humilhação, violência, abuso. Trata-se de situações inomináveis, que se tornam indizíveis e impensáveis, mas nem por isto deixam de ser efetivas no psiquismo individual ao assombrar gerações futuras (Tisseron, 1996).

A família tem suas raízes na escolha de parceiros, que se dá pautada basicamente por aspectos insconscientes, e envolve quotidianidade, espaços partilhados, projetos de vida em comum, sexualidade e nascimento de filhos (Puget e Berenstein, 1993). Organizadores psíquicos inconscientes dinamizam e estruturam a vida grupal na direção de uma homomorfia crescente, e Anzieu (1975, 1984) refere cinco deles: a ressonância fantasiosa, a imago, as fantasias originais, o complexo de Édipo como organizador específico do grupo familiar e metaorganizador grupal, e a imagem do corpo próprio e o envelope psíquico do aparelho psíquico grupal. Ruffiot (1981) afirma ter constatado o valor do esquema proposto por Anzieu para o conjunto dos grupos em evolução, em formação ou em terapia, bem como para o grupo familiar em terapia, na regressão instada pela situação psicanalítica e na retomada de sua maturação, com suas devidas nuanças clínicas.

Os períodos de desorganização social e cultural se caracterizam, afirma Kaës (2017), pelo enfraquecimento de garantias metassociais e metapsíquicas, pelo desregramento de suas funções de enquadramento, de crenças compartilhadas e representações comuns. O autor considera que tal circunstância atinge, particularmente, os fundamentos da ordem simbólica: a lei que se impõe a todos e organiza o conjunto é substituída pelo arbitrário e pela anomia, tema do qual se ocupou Freud (1974b) em O mal-estar na civilização.

Kaës assinala que, no presente, esse mal-estar pode ser qualificado em três tipos de transtornos, sendo que as patologias do vínculo se sustentam numa espécie de círculo vicioso. Cita primeiramente aquele derivado das falhas nos sustentáculos da pulsão e no pacto das renúncias pulsionais parciais necessárias à vida em comum, transtornos estes que se expressam pela defusão pulsional, pelas correspondentes clivagens do eu e pelo fracasso das sublimações. Aborda em  165 seguida o transtorno que se dá nas identificações e nos sistemas de vínculos, que se manifestam pela desorganização de marcos identificatórios e das fronteiras do Eu. Tal situação se expressa pelas falhas dos contratos intersubjetivos sobre os quais se assentam as garantias do espaço onde o Eu pode advir e se historizar como pertencendo a um Nós. Por fim, refere-se ao transtorno nas certezas e nos sistemas de representações partilhadas, fonte de intenso mal-estar no trabalho do sentido e da interpretação, e que se vê acentuado pelo enfraquecimento dos marcos identificatórios, pela deterioração dos processos de sublimação, o que reforça os efeitos tribais.

Diante desses mal-estares e transtornos, nos diz Kaës, o grupo se inventa e se reinventa para restaurar as funções metapsicológicas sobre as quais se assentam os suportes e os pactos de renúncia, a eficácia dos interditos estruturantes, os marcos identificatórios, as crenças e as representações compartilhadas. O autor considera a especificidade do interesse psicanalítico nos grupos como dizendo respeito à atenção dada aos efeitos do inconsciente sobre os processos grupais, bem como destes sobre os processos psíquicos considerados individualmente. A família constitui um grupo específico, no qual tais efeitos estão operando e justamente atuantes na constituição de cada sujeito, necessariamente a partir de um outro, ele próprio fruto de uma história cujas raízes se encontram em seu grupo de pertença, familiar e social, do qual é porta-voz.

O nexo do enquadre e do objeto próprio à psicanálise de família tem que levar em conta as formações e processos inconscientes implicados nos efeitos da intersubjetividade que os constituem, bem como considerar a realidade psíquica própria à família enquanto conjunto específico, com sua particular intersubjetividade vincular constituída de diversos sujeitos do Inconsciente, enquanto sujeito da e na intersubjetividade.

Neste trabalho focaliza-se a família com funcionamento prevalentemente narcísico, intolerante ao luto originário e carente de interdição, o que pode se evidenciar na relação com um de seus membros em particular, referido como figurante predestinado (Racamier, 1989). Preso a suas veleidades infantis, ele se vê enredado em relação perversa narcísica pautada pelo ant’édipo mal 166 temperado, na qual cada genitor tem parte ativa numa psicodinâmica caracterizada pelo incestual (Racamier, 1989). Fragmentos clínicos ilustram esta forma de sofrimento psíquico compartilhado. Interditos e interdições: duas faces de uma mesma moeda

Apresentamos uma família constituída por casal beirando os sessenta anos, ambos com nível de instrução superior, Helena e João, e três filhos, duas mulheres, Lúcia e Inês, e o caçula, então com trinta anos, que tinha o mesmo nome que o pai e ao qual nos referiremos como Joãozinho. Lúcia era profissional independente, já casada e morava com o marido e suas duas filhas. Inês era policial e se encontrava em vias de sair de casa para casar-se. Joãozinho não tinha nenhuma autonomia financeira, nunca trabalhara, embora tivesse formação de nível superior. Isolado, não possuía círculo de amizades, nem nunca tivera algum envolvimento afetivo. Encontrava-se em acompanhamento psiquiátrico após episódio de agressividade para com o pai, o que o levou à internação em clínica psiquiátrica. Haja vista evidentes dificuldades nas relações familiares, deu-se encaminhamento para terapia de família.

Chamada para assistência, compareceu apenas o casal parental: Lúcia já tinha família constituída, Inês considerou que a proposta não lhe dizia respeito e Joãozinho recusou-se a participar. Ao se abordarem as circunstâncias em que se deu o descontrole agressivo que levara à internação, foi relatado que Joãozinho permanecia o dia todo em casa atrás da mãe demandando atenção, pedindo que fizesse comida para ele ou querendo conversar. Para tanto, costumava chamála a seu quarto, mas muitas vezes a agredia. Segundo Helena, quando “perdeu a vergonha” (sic), passou a dar beliscões nela na frente dos outros, inclusive do pai. Este justificou não se interpor entre mãe e filho porque, ao fazê-lo, ela passaria mal (sic), além de afirmar já tê-lo enfrentado fisicamente e ter sido agredido por ele.

Nesse acolhimento à família, uma situação se esboçava: Helena dizer que o filho perdera a vergonha sugere que ele passara a fazer algo que deveria ser mantido em segredo entre eles, longe de olhos alheios, inclusive – ou sobretudo? –, os do pai. João, por outro lado, justifica sua falta de intervenção para que Helena não passe mal – então é ela quem detém o poder –, mas assinala a  167 seguir que, diante do filho, ele não tem força, nem moral, nem física. Constata-se que o interdito do tocar não está operante entre mãe e filho, e sexualidade e agressividade, misturadas, expressam a violência pulsional. A conotação sexual se acentua através da aliança “secreta” entre mãe e filho, sugestiva de outra transgressão, a edípica, pelas costas do marido-pai, mantido à parte não apenas por eles, mas também por suas próprias razões: João se via e era visto como sem força.

Anzieu (1985) aborda questões conexas em jogo referentes à necessidade de um reconhecimento da interdição do tocar e recorda a constatação freudiana – e também clínica – segundo a qual a vida psíquica tem por base as qualidades sensíveis. O autor questiona, segundo os modos de organização psíquica, quais seriam os efeitos das estimulações táteis: restauração narcísica, excitação erógena, violência traumática? Pergunta-se também quais consequências estimuladoras ou inibidoras sobre a vida sexual ulterior provêm do êxito ou das falhas do aparelho psíquico em constituir um eu-pele e depois ultrapassá-lo num eu-pensante. Assinala que todo interdito diz respeito, ao mesmo tempo, a pulsões sexuais e pulsões agressivas ao canalizar sua pressão, delimitar fontes corporais, reorganizar seus objetos e fins, e estruturar as relações entre elas. Se isto é mais evidente em se tratando do interdito edípico, não deixa de ser válido para o do tocar. No entender do autor, para este, sexualidade e agressividade não estão estruturalmente diferenciadas, sendo assimiladas enquanto expressão da violência pulsional em geral. No que diz respeito ao incesto, ao contrário, o interdito as diferencia e as situa numa relação de simetria inversa, não de similitude.

Todo interdito se caracteriza por sua bilateralidade, isto é, se aplica ao emissor das interdições bem como a seu destinatário. Para que exerça seu efeito de reestruturação do funcionamento psíquico, o interdito do tocar, assim como o edípico, requer que seja respeitado pelos pais. Quando isto não ocorre, dão-se faltas graves e repetitivas das quais decorre um traumatismo cumulativo, com importantes consequências psicopatológicas.

Ao tratar do interdito primário do tocar, Anzieu assinala que ele impõe uma existência separada ao ser em vias de se individuar e envolve experiências que terão daí por diante que ser  168 fantasiadas. A interdição é significada à criança pela mãe sob a forma ativa de uma tomada de distância física. Quando ela falha nesse sentido, é relevante que alguém do meio possa intervir como porta-voz do interdito para que o filho cresça e tenha espaço e tempo para viver por si mesmo. O interdito primário do tocar se opõe especificamente à pulsão de apego e de se agarrar. Já o interdito secundário do tocar se aplica à pulsão de dominação: não se pode tocar em tudo, tomar posse de tudo, ser mestre de tudo. A interdição é formulada tanto pela linguagem gestual, quanto pela verbal. O sentido explícito implicado é que não apenas não se pode pegar, mas tem-se que aceitar o risco da recusa ou do adiamento. A transgressão do interdito do tocar se apresenta como terreno fértil para a perversão narcísica, cuja origem se encontra no universo megalomaníaco infantil e primitivo, na esteira da sedução narcísica perpetuada (Racamier, 1987).

Do ponto de vista do sujeito, o complexo de Édipo diz respeito ao parricídio e ao incesto, mas ao apresentar a noção de configuração edípica Faimberg (2001) acentua uma extensão maior, na qual se associa certo funcionamento narcisista a um contexto edípico, que envolve a identificação com a forma como os pais possam ter resolvido um conflito narcísico. Se a aquisição psíquica das diferenças dos seres, dos sexos e das gerações é fundamental para o sujeito, apresentase como essencial que este seja reconhecido como diferenciado da própria história edípica dos pais, mesmo que isto se dê necessariamente de forma parcial, haja vista estarem sempre presentes os desejos inconscientes deles. Assim, o conceito de configuração edípica inclui relações recíprocas entre pais e filhos, ainda que assimétricas, considerando-se a condição de desamparo própria àquele que nasce. Anzieu (1985) assinala que não importa quão intensos venham a ser os desejos edípicos incestuosos e hostis despertados nos pais por ocasião da maturação sexual de seus filhos, eles não devem ser neles depositados.

Winnicott (1980) reconhece a importância do interdito na medida em que apresenta o complexo de Édipo como um alívio para a criança, pois na situação triangular a terceira figura, na verdade uma condição psíquica do genitor, tornaria possível a conservação do amor e do desejo que  169 ela nutre pelo outro genitor. O autor acrescenta que, se não fosse por esse terceiro, haveria apenas duas opções para a criança: a de ser “engolida” ou “afastar-se violentamente”.

Desejos inconscientes na relação do filho para com ambos os pais envolvem anseios incestuosos e mortíferos, encadeados na relação entre gerações, considerando-se que os pais tiveram pais e depois vieram a ter filhos. Em seu mundo interior o filho capta, de certa forma, o modo como seus pais o reconhecem em sua alteridade e o que possa ter representado para eles o sexo com o qual nasceu. Como serão organizados seus conflitos edípicos dependerá dessa captação (Faimberg, 2001).

No caso em tela, buscando-se averiguar sobre as agressões físicas do filho para com a mãe, descobrimos que estas se davam há muito tempo, desde que Joãozinho contava quinze anos, quando começou a dar-lhe “soquinhos” ao estarem a sós. Com o tempo, passou a agredi-la com beliscões, socos, chutes e puxões de cabelo, numa violência sempre crescente, causando-lhe hematomas, escondidos por ela. Seu silêncio se justificava por “querer que tudo fosse como era antes, que a família não se separasse” (sic). No entender dela, a descoberta do que se passava entre ela e o filho “estragara tudo” (sic), pois suas filhas se posicionaram de forma bastante radical diante da situação, vista por elas como inaceitável: Lúcia deixou de frequentar a casa dos pais, privando-os do convívio com as netas, e Inês afastou-se da convivência com o irmão.

Esboçam-se aqui dificuldades inerentes ao tempo e às mudanças que forçosamente implica, inclusive relativas à separação, intrínseca ao próprio crescimento. Ser como era antes, mas “antes” do que? Um tempo mítico, eterno, sem evolução, de permanência contínua, portanto sem separação. Joãozinho nada tem na vida, a não ser a mãe, sendo apenas ela que deseja, exclusiva para si, e nada mais lhe importa. Por sua vez, ela o privilegia em detrimento do marido e, assim, mãe e filho permanecem presos em uma sedução narcísica interminável, que corresponde à fascinação mútua, originalmente entre o bebê e sua mãe, com vistas a um ser simbiótico único, todo-poderoso, ao abrigo das vicissitudes pulsionais e da ambivalência, das separações e dos lutos, de forma que a rivalidade edípica fique fora do circuito (Racamier, 1987).

João assinalou não ter bom relacionamento com o filho, que chegara a chamá-lo de “zero à esquerda” (sic). Relatou que costumava tentar uma aproximação, convidava-o a jogar futebol e passarem um tempo juntos, mas ele se recusava, pois desejava sair apenas quando a mãe estivesse presente e preferia mesmo estar a sós com ela. Além disso, afirmou não conseguir estar com o filho porque Helena “sempre arrumava algum impedimento” (sic). Após algum tempo de terapia, revelou sentir-se “deixado de lado” (sic) e ter ciúmes da esposa, que privilegiava a companhia do filho. Afirmou ter sempre sentido “como se estivesse atrapalhando alguma coisa entre eles” (sic). Do ant’édipo mal temperado ao incestual

Racamier (1992) assinala que o incesto, é o incesto e não é o édipo, é mesmo o contrário. Em ação, o incesto não se limita a sua prática genital, ele tem equivalentes, que não são poucos. O autor nomeia e qualifica como incestual o que, na vida psíquica individual e familiar, leva a marca do incesto não fantasiado, sem que estejam necessariamente presentes as formas físicas. O incestual é mais amplo em sua área e mais complexo que o incestuoso; designa os equivalentes do incesto, seus substitutos, sem omitir, e nós tendemos a esquecê-lo, observa Caillot (1995), os equivalentes do assassinato, muitas vezes muito bem escondidos. Ressaltemos, portanto, que o complexo de Édipo implica não apenas na proibição do incesto, mas também na de matar e na do tocar (Anzieu, 1985).

Beliscar a mãe pelas costas do pai em pacto secreto mantido por ambos por quase quinze anos equivale ao incesto, prática oculta que se torna pública quando o filho “perde a vergonha”, como se um ato sexual passasse a se dar na frente de todos, sem nenhum pudor. A sedução narcísica se apresenta como “motor” essencial para o ant’édipo mal temperado – “ante”, que antecede, “anti”, que se opõe, o ant’édipo com essa dupla face estará sempre presente como antecessor do édipo. Tal configuração se apresenta bem temperada a partir de fantasias que envolvam uma inversão ou uma igualdade geracional com deslocamentos simbólicos mais ou menos importantes. Para que o registro edípico se desenvolva plenamente, supõe-se o declínio da megalomania maligna própria ao ant’édipo mal temperado, no qual falha o interdito estruturante. O desenvolvimento do complexo de Édipo na posição depressiva de M. Klein (1975) remete ao luto originário conforme descrito por Racamier (1992), que o designa como o processo psíquico fundamental através do qual o eu, desde a primeira infância, antes mesmo de sua emergência e até sua morte, renuncia à possessão total do objeto, faz seu luto de um uníssono narcísico absoluto e de uma constância de ser indefinida. Será através desse luto, fundador das próprias origens do eu, que se operam a descoberta do objeto bem como a de si, e a invenção da interioridade.

A sedução narcísica perpetuada e a impossibilidade de fazer face ao luto originário favorecem uma organização psíquica referida como perversão narcísica (Racamier, 1987), que pode se apresentar durável ou transitória e que visa que o sujeito se coloque ao abrigo dos conflitos internos, em particular justamente os decorrentes do luto, fazendo-se valer à custa de um outro, manipulado como utensílio. A perversão narcísica se constitui antes de mais nada de ação e de condutas. Racamier chama a atenção sobre o pouco que se conhece das fantasias a elas subjacentes, mas aponta uma, bem existente: a da criança-desde sempre-e-para-sempre-irresistível, a nosso ver pedestal da sedução narcísica interminável. A conduta narcisicamente perversa será sempre uma predação moral, um ataque ao eu do outro em benefício do próprio narcisismo. Uma desqualificação ativa, mais ou mesmo sutil, do eu do outro e de seu narcisismo legítimo. Tal situação implica em um aspecto paradoxal, pois a tarefa psíquica a ser processada e injetada no psiquismo do outro se torna irrealizável.

Com vistas à imunidade conflitual, a sedução narcísica, ao se perpetuar, desembocará no ant’édipo mal temperado que abre as portas para a perversão narcísica e o incesto ou seus equivalentes. Assim, no complexo de Édipo parricídio e incesto podem ser considerados, ainda que não somente, como uma luta narcisista que se origina da ilusão de existir apenas um espaço psíquico, no qual nunca haverá mais do que um único objeto erótico (Faimberg, 2001). Para Helena se mostrava inadmissível que o filho tivesse outros vínculos significativos, além dela própria, especialmente com mulheres. Quando Joãozinho aceitou fazer psicoterapia individual, ele exigiu que fosse com uma psicóloga que o havia atendido na adolescência, com quem aparentemente tinha estabelecido vínculo expressivo. Helena se opôs radicalmente, ao ponto de confundir a situação e dizer que a referida psicóloga teria morrido. Esclarecido o equívoco e iniciada a psicoterapia, revelou preferir que o filho fosse atendido por um homem, por considerar que a psicoterapeuta seria “como uma mãezona para ele” (sic) e que “passaria a mão na sua cabeça” (sic) – conforme ela própria o fazia.

Repetiam-se padrões na relação entre mãe, pai e filho, conforme pode ser ilustrado na seguinte circunstância: quando combinavam sair juntos, o pai tendia a ser excluído, pois Joãozinho costumava pedir à mãe que se encontrassem antes para conversarem a sós, o que era visto por ela como “normal” (sic). Em uma dessas ocasiões, foi relatado um desentendimento entre pai e filho, no qual o primeiro se retirou do restaurante em que estavam por considerar ter sido desrespeitado. Helena ficou com o filho, indo ambos ao cinema em seguida. A desvalorização de João se confirmava absoluta: um zero à esquerda.

Cotidianamente, mãe e filho assistiam novela juntos, na cama do casal. Ao chegar para dormir, João se incomodava, porém não esboçava nenhuma reação, e assim ficavam os três na cama, com Helena no meio. Esta relaciona esse fato aos pedidos do filho quando pequeno, de ficar na cama com ela na ausência do pai, “ao ver que estava muito sozinha” (sic). Nessa época, afirma, ambos “adoravam” ficar no quarto do casal ouvindo músicas juntos (sic).

Joãozinho costumava dizer não ter ninguém para conversar, somente a mãe. Por ocasião de seu aniversário, propôs-lhe que viajassem juntos para um hotel, porém, diante de sua negativa, agrediu-a, ocasião em que Inês, policial, ameaçou-o com sua arma, expulsando-o de casa. Preocupada, Helena solicitou socorro ao marido e ao cunhado, que se depararam com ele fugindo pelas escadas do prédio em que moravam. Após dar um soco no pai, veio a ser internado.

Se por um lado se apresentava inaceitável para Joãozinho que a mãe tivesse outro homem além dele próprio, a recíproca se mostrava verdadeira. Quando de sua internação, “uma coisa muito estranha” (sic), no entender de Helena, se passou: ele conversava com os demais pacientes, davalhes conselhos e ficou amigo de todos. Ademais, para seu total desconcerto, uma moça se  173 “encantara” por ele (sic) e passou-lhe seu número de telefone. Ao mexer nas coisas dele e encontrar o papel com números de telefones, rasgou-o e jogou-o fora, alegando como justificativa preocuparse com o envolvimento do filho com “pessoas com problemas sérios que podiam ser perigosas” (sic). Perigosas em que sentido? Por interporem-se entre mãe e filho?

João considerava que o filho fora tratado pela mãe diferentemente das irmãs, pois sendo muito apegada a ele, mimou-o demais. Relata que quando as meninas eram pequenas, ela trabalhava em tempo integral, mas para ficar com o caçula, passou a trabalhar meio período. Helena negou haver qualquer diferença no tratamento para com os filhos. Assinala, no entanto, que ele sempre fora muito sensível e recorda sua reação, aos três anos de idade, quando tomou ciência da morte da primeira filha do casal, falecida quando contava um ano devido a catapora não devidamente tratada: “Diferente das irmãs, ele chorou muito, questionava, fazia perguntas, enquanto elas não ficaram daquele jeito” (sic). Contudo, o encantamento de Helena para com Joãozinho antecede esse fato, pois ele “fazia coisas diferentes” (sic) como, com dois anos de idade, esconder-se debaixo da cama quando voltava do trabalho, o que favoreceu sua opção por trabalhar meio período. Diante dessas lembranças, admitiu que talvez tivesse realmente sido diferente para com ele – vimos que, a seu ver, ele o fora para com ela.

A menção da perda dessa filha produziu retraimento no casal parental que ficou muito emocionado. Helena afirmou não conseguir viver esse luto, reconhecendo-o. Contou não ter entrado mais no quarto da filha por ter feito uma viagem em seguida a sua morte; ao retornar, o cômodo já havia sido reformado, bem como tinham sido retiradas as coisas da criança. Reconheceu ter desejado engravidar logo depois, como se pudesse substituir a perda. Lutos paradoxais

No que diz respeito à compreensão do trabalho de luto e dos lutos patológicos, novos esclarecimentos são alcançados ao se opor o registro incestuoso ao registro edípico. As relações narcísicas incestuosas ou incestuais, com seus profusos desdobramentos paradoxais, lutam tragicamente contra as angústias de separação, vivenciada como catastrófica. O édipo diferencia os 174 seres e as gerações, as realidades interna e externa, o interior da família e o exterior dela, mas é preciso acrescentar também, conforme tão bem assinala Caillot (1995), os mortos dos vivos, o animado do inanimado. Seu organizador é o interdito do incesto, ou melhor, seu balanço organizador é o duplo interdito do incesto, o duplo interdito do tocar (Anzieu, 1985), conforme vimos acima.

Britton (2003) sugere que somente quando a relação exclusiva é perdida torna-se possível deixar para trás ilusões edípicas, nas quais não se reconhecem as diferenças entre os relacionamentos parental e progenitor-criança. Isto porque o luto por essa perda traria a percepção de que o triângulo edipiano não prediz a morte do relacionamento, apenas a morte de uma ideia: aquela que supõe que a chegada de um terceiro sempre assassina a relação de um casal, seja o parental, seja o par da amamentação. Em contrapartida, quando esta ideia se instala com convicção, leva à psicopatologia

Helena e João afirmam que nunca brigaram desde que estão casados, no entanto, na família diferenciada certa conflitualidade é admissível, reconhecendo-se os contrários, a ambivalência, os riscos de separação e de união, corporais e psíquicos. Sem o recalque, não havendo a integração das grandes diferenças, na ausência do interdito do incesto e não havendo o reconhecimento da dependência dos pais – nem o dos pais da independência dos filhos –, a organização edípica não se situa ou não o faz plenamente. A família edípica se opõe ao incesto e ao assassinato, bem como à destruição do indivíduo, do casal e da família.

Caillot (1995) considera essencial constatar que o interdito do incesto organiza a diferença geracional e o luto originário, que condicionam a diferença entre os mortos e os vivos (itálicos do autor). Em seu entender, as confusões paradoxais morto-vivo pertencem bem ao registro incestuoso: aliás, assinala ele, talvez possamos falar de vivo-não-vivo para as pessoas em vida, que correspondem aos objetos-fantasmas de P.-C. Racamier (1992), com sua dupla propriedade de estar morto/vivo ou, conforme precisa, de estar ao mesmo tempo não-morto e não-vivo. Submetidos a uma dupla recusa, sem o selo de um reconhecimento, nem o de um luto, Racamier considera que o objeto fantasma faz parte eminente dos objetos paradoxais, como o é o filho de substituição, aquele que ocupa o lugar de um filho morto, cujo nome muitas vezes ele carrega, e que será o “tapa-luto”, o “para-luto”. Assim, nos lutos paradoxais, também podemos falar de morto-não-morto.

No registro incestual aqui abordado nos deparamos com uma mãe-não mãe, a mãe-amante do filho pelas costas do pai-marido-zero-à-esquerda, com o filho-amante que a compreende e acolhe face ao luto não elaborado da filha e que passa a funcionar como “tapa-luto”. Destaca-se o estabelecimento de um funcionamento psíquico paradoxal, permanecendo a morta investida desse mesmo modo paradoxal.

Considerações finais

O registro incestuoso/incestual oposto ao registro edipiano esclarece a dinâmica familiar aqui abordada, sugestiva de lutos patológicos que têm por base a sedução narcísica interminável e o luto originário não elaborado. Busca-se uma situação aconflitual, com aspirações relacionais muito idealizadas, observáveis no comentário feito por Helena de que ela e o marido nunca brigaram desde que se casaram.

A separação, envolvendo o medo de colapso, que corresponde ao medo da agonia primitiva, mobiliza angústias como se estivesse em risco a própria vida, só que o colapso tão temido já foi experienciado, em um momento em que o eu se encontrava imaturo demais para dar conta da experiência de forma a integrá-la (Winnicott, 1994). Assim, relações narcísicas pautadas pela paradoxalidade, pelo incesto e pelo incestual, buscam evitar o que é vivido como uma ameaça de rompimento, visam aproximar o que prenuncia se afastar. O incesto, sendo uma questão fundamentalmente narcísica mais do que sexual (Racamier, 1989), tem uma função anti-separadora corporal, uma função anti-luto.

Considerando Helena de uma perspectiva individual, podemos designar um componente de sua personalidade próprio à perversão narcísica, a princípio inaparente, mas que se apresenta invariável a partir de sedimentos defensivos que o escondem. Muito defensiva, portando de acesso difícil, Helena age e tende a banalizar situações, nas quais não vê nada demais, como quando o filho se recusa a sair do quarto do casal parental à noite e ela dorme entre ele e o marido, ou quando busca relação exclusiva com ela pelo fato de ser sua mãe, o que ela acha natural. Helena justifica a manutenção de posturas dependentes ou suas reações agressivas “por ele ser doente”, como se ela buscasse um ganho secundário através da “doença” do filho, que “não sabe fazer as coisas” (sic), no que está implicada a necessidade de ele receber seus cuidados sempre. As defesas se organizam como uma fortaleza que se pretende inviolável e a ameaça de uma falha na estrutura defensiva implica em o eu ficar perigosamente vulnerável, ameaçado pela depressão ou, pior ainda, pelo colapso.

Tal dimensão repercute na família com o pressentimento que, se há separação, a unidade coletiva se rompe, com fratura e dissolução. Mais do que nunca é válida a divisa de Caillot e Decherf (1982) de que viver junto é impossível, mas separar-nos é mortal. Contudo, tal situação não apenas é sustentada pelo grupo familiar, como também se nutre do meio em que se forma, no que está presente o aspecto econômico próprio aos vasos comunicantes.

Lutos congelados “protegem” da depressão profunda, mas provocam um desperdício de vida por todas as impossibilidades que acarretam e pela estreiteza de perspectivas que geram, com o tempo paralisado em termos psíquicos, já que ele não para nunca. Nessas circunstâncias, demandas e expectativas se mostram fora de lugar, como as de um homem que não abre mão de suas veleidades infantis, como se permanecesse com três anos quando de fato conta trinta, e uma mãe de cinquenta be sete anos que se encanta com esse homem que não tem olhos para nenhuma outra mulher e interesse por mais nada, além dela.

Nessas circunstâncias, outro interdito é transgredido, e se matar não é possível, existem outros meios… Sem trabalho, sem estudo, sem relações sociais, sem vida amorosa, sem nenhuma perspectiva, sem nenhum recurso sublimatório, a existência de Joãozinho é a de um vivo-morto. Helena demonstra não desejar abrir mão da intimidade com ele pelas gratificações narcísicas que lhe proporciona, mas sobretudo como uma garantia de evitar a depressão e o que seja temido como  177 um desmoronamento psíquico. João, inseguro, preterido, sem valor, conforma-se à situação e paradoxalmente a sustenta ativamente com sua passividade e impotência.

Apenas a referência ao lugar que ocupa o pai da criança ou seu próprio pai no desejo materno preservaria a referência fálica. Um lugar desprezível ou desvalorizado interfere negativamente nos marcos identificatórios do filho e em sua unificação como sujeito, de modo que ele permanece alienado no desejo materno. Joãozinho não se identifica com o pai e não renuncia a seus desejos incestuosos, alimentados pela mãe em pacto narcísico, que não suporta transformação. Dão-se alianças calcadas na recusa comum, pelo segredo compartilhado e pela dominação que o perverso narcísico exerce sobre seus parceiros, com sua cumplicidade, consciente ou inconsciente.

Constatamos que diversas operações estão implicadas no vínculo intersubjetivo, requeridas de cada sujeito de modo que o vínculo possa se constituir e se manter de forma complementar e recíproca em seus aspectos organizadores e defensivos. Dessa maneira, em se tratando de ant’édipo mal temperado, cria-se no conjunto a impossibilidade de significar e de transformar, com bolsões de intoxicação psíquica ou linhas de fuga que mantêm o sujeito do vínculo estrangeiro a sua própria história. Sem a emergência e o desenvolvimento da capacidade de pensar, não há como considerar a própria situação subjetiva no grupo familiar.

Pouco se sabe sobre as famílias de origem de Helena e João. Ela perdeu o pai em acidente quando era ainda adolescente, situação abordada por João como muito sofrida em sessão em que ela não comparecera. Helena contou que mantinha relacionamento mais próximo com a mãe do que os outros irmãos. João refere ao próprio pai, já falecido, como não lhe dando atenção, o que o fez ficar mais próximo dos irmãos. Não fez nenhuma referência a sua mãe. Esses fiapos de história são sugestivos de vivências de carência e desamparo, além de indicarem a evitação do trabalho do luto: nada se fala a respeito na presença do outro.

Materiais intrapsíquicos insuficientemente elaborados pelo sujeito se transformam em venenos psíquicos expulsados no meio; à desproporção quantitativa se acrescenta um contraste qualitativo espantoso (Racamier, 1992). Recusa, clivagem e denegação correspondem a defesas  178 poderosas para impedir o pensar e, em família, seus membros se apresentam como complemento operatório das defesas em jogo. A perversão narcísica, portanto, está longe de ser um assunto intrapsíquico, já que é altamente interativo. Sem pactos de renúncia, não há condição de ser.

Referências

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Maria do Carmo Cintra de Almeida Prado
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Maria do Carmo Cintra de Almeida Prado

Doutora em Psicologia Clínica (PUC-Rio), membro efetivo e docente da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ), membro aderente da Académie Psychanalytique Autour de l’Oeuvre de Racamier (APAOR), especialista em terapia psicanalítica de casal e família, especialista em avaliação psicológica/psicodiagnóstico, psicóloga aposentada do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, coordenadora dos Setores de Psicodiagnóstico (1982-2018) e de Terapia de Família (1990-2018) da Unidade Docente Assistencial de Psiquiatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ.